sexta-feira, 27 de março de 2009

Coreia do Norte: Kim Jong-Il eleito sem surpresas para o Parlamento

O dirigente comunista norte-coreano Kim Jong-Il foi eleito por unanimidade para o Parlamento na eleição de domingo, anunciou nesta segunda-feira a imprensa oficial, em uma votação sem surpresas, mas potencialmente significativa para o futuro do regime mais isolado do planeta.

Kim Jong-Il, 67 anos, que já concentra todos os poderes do país, foi eleito na circunscrição militar nº 333, número da sorte na Coreia, segundo imprensa oficial, que informou uma taxa de participação de 100%.

Os norte-coreanos votaram no domingo para eleger uma nova Assembleia Popular Suprema, uma simples formalidade em um país dominado pelo partido único do "querido dirigente" Kim Jong-Il.

O resultado não foi um mistério, já que os candidatos - um por circunscrição - foram designados pelo governo ou pelo partido único dos Trabalhadores.

No entanto, a eleição pode ter sido uma introdução do que será o regime comunista no futuro.

Segundo o Instituto Estratégico para a Segurança Nacional, com sede em Seul, as eleições podem ser o prelúdio da chegada de uma geração de tecnocratas e economistas, depois de décadas de hegemonia do exército.

Quotidiano da Coreia do Norte é desesperador, diz relator da ONU


GENEBRA (Reuters) - O povo da Coreia do Norte está submetido a um "sofrimento intolerável", que inclui fome, tortura e espionagem generalizada, disse nesta segunda-feira um relator da ONU ao apresentar um duro relatório contra o país comunista.

O jurista Vitit Muntarbhorn declarou ao Conselho de Direitos Humanos da entidade que a situação na Coreia do Norte é "terrível e desesperadora", e que a população vive amedrontada, sob pressão para denunciarem-se uns aos outros.

"O país está sob regime de partido único. No topo há um regime opressor, curvado à sobrevivência pessoal, sob o qual a população comum da terra passa por sofrimentos intoleráveis e intermináveis", disse ele.

Diplomatas afirmaram que tais declarações, acompanhadas de um relatório, estão entre as mais críticas já apresentadas em um fórum da ONU contra qualquer país. As conclusões, no entanto, são condizentes com estudos de entidades independentes de direitos humanos sobre a Coreia do Norte.

Muntarbhorn é formalmente um "relator especial" do Conselho de Segurança, que não tem obrigação de tomar qualquer providência quanto às recomendações. Mas, de acordo com ele, o abuso dos governos contra os cidadãos deveria ser tratado por toda a comunidade internacional.

"Há violações disseminadas, sistemáticas e repreensíveis aos direitos humanos, de natureza antiga e insidiosa, que exigem atenção internacional e comprometimentos nacionais e internacionais para ajudar a melhorar a situação", disse ele.

Suas declarações pareceram destinadas aos países em desenvolvimento, que formam a maioria entre os 47 países do Conselho, que em geral evita condenações incisivas contra os governos de países não-ocidentais.

Enquanto a Coreia do Norte e o regime militar de Mianmar foram alvo de resoluções relativamente brandas no passado, o Conselho -- onde os países islâmicos têm voz ativa -- já aprovou cinco resoluções contra Israel.

"Ao longo dos anos", disse Muntarbhorn, "as autoridades (norte-coreanas) alimentaram uma cultura de desconfiança penetrante e de um 'dividir e governar' multicamadas, criando grande insegurança para as populações em geral."

Apesar da grave falta de alimentos que se deve parcialmente ao clima ruim, mas também à degradação ambiental e à má administração, as autoridades estão fechando todos os mercados, "por medo de perderem seu controle sobre a população".


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